O SILÊNCIO NO ABUSO SEXUAL INFANTIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Resumo
O abuso sexual infantil não é um fenômeno recente, ele figura na história da cultura moderna e ocidental, e hoje é estabelecido como crime a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Essa pesquisa tem o objetivo de conceituar o abuso sexual infantil, seus processos de silenciamento e seus efeitos na vida adulta. Trata-se de uma revisão narrativa de literatura científica oriunda de livros, dissertação de mestrado e artigos acessados, sistematizados e analisados a partir das bases de dados: SciELO e Google Scholar com os seguintes descritores: abuso sexual na infância; abuso sexual intrafamiliar e extrafamiliar; abuso sexual e silenciamento; abuso sexual e consequências psicológicas. Os resultados da pesquisa possibilitaram construir conhecimento sobre: 1- Infância e o abuso sexual: aspectos históricos; 2- Contextualizando e conceituando o abuso sexual infantil e 3- Silenciamento e revelação do abuso sexual na infância e vida adulta: contribuições da Psicologia. Concluímos que o abuso sexual contra crianças não data da contemporaneidade, que os abusos muitas vezes são perpetrados pelos próprios familiares, existindo, portanto, uma relação de dependência entre agressores e vítimas. Há também uma imposição de silêncio por parte dos abusadores e a prática do silêncio como forma de proteção da própria criança, o que permite afirmar que as consequências negativas para a vida adulta podem ser severas. Concluímos, também, que a Psicologia pode intervir na direção de elaborações dessas situações vividas.
PALAVRAS-CHAVE: Abuso Sexual infantil. Psicologia. Violência. Silenciamento.
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